África Mãe do Mundo

África Mãe do Mundo

África Mãe do Mundo

 

COSTA, Thiago Augusto Pestana da.

    A África corresponde a um continente amplo com nove províncias e onze idiomas oficiais banhado na região sul pelos Oceanos Índico e Atlântico, que por muitos pode ser considerado como o berço das civilizações, sobretudo no Egito, contrapondo algumas perspectivas que atribuem este título à Mesopotâmia, região entre os famosos rios Tigre e Eufrates. Contudo, sua cultura pode ser caracterizada em “pluricultural” enfatizando a beleza e consistência que cada tribo pratique. No Brasil percebemos, embora tristemente devido ao terrível e desastroso processo de escravidão, um pouco de sua cultura ser praticada, embora contra os olhos jesuíticos que no período colonial faziam presentes na casa grande do senhor de engenho, assim como a senzala. Os ritos que foram transmitidos de suas culturas de origem podem no Brasil de hoje facilmente ser percebido e admirado no Candomblé típico do Congo e Moçambique. A Umbanda entraria em cena já reformulada em alguns conceitos dando assim como seu processo humano de miscigenação física a fusão cultural do cristianismo e espiritismo atrelado ao Candomblé formando então um corpo religioso bastante praticado em todo território brasileiro, sobretudo na Bahia e no Rio de Janeiro que após 1888, se estabelece com força a este culto na cidade de Niterói. Ora não seria possível proferir os nomes de todos os santos que compõe o corpo das religiões afro, porém quem nunca viu um barquinho de Iemanjá flutuar em alguma praia, com oferendas a rainha do mar? E para os preconceituosos, a macumba não se trata de oferendas praticadas por ritos religiosos e sim no nome de um instrumento com o som parecido com o reco-reco.

    Nas civilizações contemporâneas desavisadas ou que não permitem adentrar na perspectiva de outra cultura, ou seja, o etnocentrismo acaba sendo muito triste mediante a tudo que este povo passou a ainda passa de dificuldades, sobretudo pelo termo ignorante que reluto em escrever, porém se tratando de algo tão modesto e importante que é a pesquisa e compreensão, se dá no “racismo”. Impossível não perceber tal conceito que aparece diante das nossas vistas a todo o momento, seja nos corredores de uma universidade, nas partidas de futebol ou nas redes sociais midiáticas em massa.

    Contudo, embora muitos não saibam, os africanos partilham entre si de uma interação social bastante diversificada, e muitas de suas famosas danças são utilizadas nas academias brasileiras por serem ritmos rápidos, alegres e envolventes como a kizomba da Angola, a kilapanga e os estrondos dos tambores que arrepiam pelo seu impacto forte e marcante. Entre outros existe a wala que trás a descontração de determinadas tribos além de ser uma forma de extravasar suas críticas de cunho social, além de ter contribuído para a existência do reggae embora este ritmo seja elucidado nas vertentes Rastafári.

    Evidentemente não seria pertinente continuar sem citar a cooperação, senão compilação dos ritmos africanos na mistura brasileira denominada Samba, e muito menos seria desprovido ressaltar as características de quem realmente tem este Samba no pé: a mulher negra. Ora não seria descaso, objeção ou preconceito em relação às mulheres brancas, mas existe algo nas raízes negras frutos desta miscigenação que compõe a beleza natural na mulher brasileira e do cidadão brasileiro, tornado esta cultura tão nobre e diversificada.

    Retomando a África, economicamente vimos em 2002, os aparatos para a construção de estádios faraônicos, que serviriam de palco para a copa do mundo de futebol. Tornou um investimento um tanto quanto sinistro com o perdão da palavra uma vez que nestas cidades, não existe times nem atividades que possam fazer um proveito pleno da obra que ficou de herança em suas terras. Outra vez foi tirado a proveito de uma elite, proveito na mãe África, seja por corrompidos filhos, seja por elites capitalistas vorazes e avassaladoras. Embora este atrativo fora momentâneo em um dado momento, partiremos então para outras atividades que fomentam a economia africana. Uma boa fonte é o turismo, onde pessoas do mundo todo tem o interesse em conhecer as famosas savanas africanas mantendo o contato bastante próximo com leões, rinocerontes, leopardos, elefantes, búfalos que correspondem aos cinco maiores mamíferos da fauna além das exuberantes e majestosas obras realizadas pelos faraós do Egito antigo. Um pouco destas culturas afro, podem ser adquiridas com a compra de pinturas e máscaras dos artistas nativos que expressam sua realidade forte e marcante, com traços flexíveis e rígidos.

    Em função disso a economia não transita apenas no turismo e no comércio local com os nativos, a África é um dos maiores produtores de diamante e ouro, tão cobiçado pelo homem que de tão belo que estes possam parecer, muitas desilusões e fome elas também podem estabelecer. O poder na mão de poucos é a alegria na mão de muitos da elite como vimos vergonhosamente há poucos dias a presidente da Nigéria que encomendou para o casamento da filha inúmeros aparelhos de iPhone banhado a ouro vinte e quatro quilates com os nomes dos noivos gravados por cima. Outro impasse foi possível ver no ano de 1999, quando eclode em Serra Leoa a guerra civil pelo domínio de território onde é extraído os diamantes em certo vulto. Este foi um dos episódios que Hollywood fez questão de reproduzir em suas produções. O brilho de uma pedra ofuscando a vida de muitos homens, mulheres, sobretudo crianças que viram sua infância ser destruída pela guerra que ostentou durante muito tempo um círculo vicioso e deprimente.

    Podemos compreender como um grande nome a ser ressaltado e enaltecido na África pelo homem que lutou ao ingressar no Congresso Nacional Africano contra o maldito apartheid, que findou no ano de 1994 com a eleição do presidente Nelson Mandela, falecido em dezembro de 2013 em Johannesburgo. Mandela ou Madiba como era chamado carinhosamente por seus “irmãos” – também Tatá – deixou para a humanidade um legado vultuoso recheado de humildade e conquista.

    Vale ressaltar esta África na ótica como conhecemos hoje, nem sempre foi o que é. As transformações geográficas devidas às transformações naturais fazem parte de um processo global e, no entanto no que diz respeito ao social, esta África contemporânea cheia de desigualdades, basta lembrar os faraós do Egito antigo que foram opulento em pedras preciosas, repletos de alimentos em abundância devido às cheias do rio Nilo. Os reinos Iorumbás de características tipicamente urbanas na região da atual Nigéria, por exemplo, – durante a colonização na América portuguesa, estes foram um dos mais comercializados – o Aksum (Axum) próximo ao Nilo e conhecido pelo seu comércio e arquitetura hoje ao norte da Etiópia e com o passar da era cristã esta se estabeleceu neste dogma até as pressões muçulmanas.

    Basta tão somente com estas pequenas informações, de modo mais sintetizado possível, poder perceber o quanto de precioso existe nas raízes desta cultura que irradia os anseios de interessados em novos estilos de aprendizagem. A cor da pele e suas respectivas marcas definem a personalidade da pessoa que assim se satisfaz, e não cabe o olhar alheio, desatento e preconceituoso em relação às características destas culturas. O tipo de cabelo, a formação física, os ritos religiosos devem ser estudados, compreendidos e respeitados. Podemos concluir que embasados na amplitude deste conhecimento sobre nossos irmãos africanos, que durante muitos séculos foram tratados como mercadoria, um sentimento de repudia e tristeza invade meu coração. Porém este enfado alicia a sede por mudanças, seja nos bancos escolares com trabalhos mais voltados a questão do negro, seja nas universidades avaliando a possibilidade de uma aprendizagem concisa e coerente que reflita no modo de ser convertendo a teoria na maneira de agir. O sonho de uma sociedade igualitária, sobretudo em uma com avanços capitalistas não pode ser considerado como perdido. A luta continua e os negros sejam de origens africanas ou descendentes que aqui no Brasil se estabelecem devem ter os mesmos direitos e respeito que qualquer outro cidadão. O amálgama de etnias torna a mudança de pensamento em satisfatória e a liberdade de escolha social, pessoal ou coletiva partem de uma possibilidade composta de oportunidades, e estas devem ser fornecidas e por quem desejar mudanças ser abraçadas.

 

Referências Bibliográficas

COSTA, Emília Viotti da. A Abolição/ Emília Viotti da Costa. – 8ªed. Ver. e ampl. – São Paulo: Editora UNESP, 2008.

DIAS, Reinaldo - Fundamentos de sociologia geral / Reinaldo Dias. Campinas, SP: Editora Alínea, 2010. Edição Especial.

PEREIRA, Francisco José. - Apartheid / Francisco José Pereira. 1ª edição. São Paulo: Brasiliense;

PRADO, Caio Júnior. 1907-1990. Formação do Brasil Contemporâneo: Colônia/ Caio Prado Júnior. – São Paulo: Brasiliense; Publifolha, 2000. – (Grandes nomes do pensamento brasileiro).

FREYRE, Gilberto, 1900-1987 - Casa Grande & Senzala – 51ª Ed. Ver. São Paulo: Global, 2006. Características gerais da colonização portuguesa do Brasil: formação de uma sociedade agrária, escravocrata e híbrida.

HOLANDA, Sérgio B. – Raízes do Brasil – 26ª edição – 38ª reimpressão; Companhia das Letras 1995 – São Paulo.

PINSKY, Jaime. – A Escravidão no Brasil (História Popular)– Jaime Pinsky – 1981; Editora Global – São Paulo.

 

Referências Virtuais

África - Diversidade e Cultura do continente Africano; Disponível em: www.youtube.com/watch?v=v-Qt_FXuMUM; Acesso em 30 jun. 2013.

Reinos africanos; Disponível em: www.youtube.com/watch?v=74cSSVUoJtg; Acesso em 30 jun. 2013.

Documentário África no Passado – Riquezas e glórias / A História que ninguém contou; Disponível em: www.youtube.com/watch?v=FE8N72m2Od8; Acesso em: 30 jun. 2013.