Clássicos da Filosofia

Clássicos da Filosofia

Clássicos da Filosofia

Prof. Thiago

COSTA, Thiago Augusto Pestana.

Introdução

O presente trabalho parte da iniciação do pensar científico, ou seja, de um movimento que surge para dar um sentido verdadeiro contrapondo o mito, que de maneira questionável por algumas ilustres figuras, passam então a serem criticadas por outras resultando no que se denomina Filosofia.

 

Clássicos da Filosofia

    Compreende como “CLÁSSICO – quinto e quarto séculos, o período das cidades - estado independentes e, de modo geral, das mais altas realizações culturais de toda a história grega” (Finley, 1963, p. 26).

    É de real importância analisar desde o início deste trabalho o que engendrou a Filosofia, quem foram os grandes contribuidores, e em que lugar e período, viveram estas ilustres figuras da humanidade.

    Segundo os poemas de Homero e Hesíodo, o professor Finley (1963, p. 23), emprega a este último a genealogia dos deuses e seus respectivos nomes. Já o primeiro, poemas como a Ilíada e Odisseia permeiam os anseios das civilizações contemporâneas seja por meio do contato acadêmico ou dos primeiros anos escolares chegando até o contexto cinematográfico, onde o mito ganha forma, muitas vezes exagerada ou discrepante de uma suposta realidade. A seguir a escola de Mileto articula em determinado tempo uma ordem dos campos sociais, históricos geográficos e econômicos posicionados na linha de tempo em que estão situadas, sobretudo nas proximidades do mar Jônico, considerado berço da Cultura.

    Tal informação nos leva ao sentido em que este mito – do grego, µύθος (mythos) – é substituído segundo o professor Danilo Marcondes (2007, p. 19), pelo “filosófico científico” na Grécia antiga do século VI antes da nossa era. É atribuindo crédito a Tales de Mileto como o “primeiro filósofo” com característica naturalista que Aristóteles classificou e chamou de “physiólogos” da natureza “physis” (MARCONDES, 2007 p. 20, 22,24) - (MANNION, 2008, p.20).

    O pensamento causal consiste no buscar de respostas de forma “regressiva” –(MARCONDES, 2007, p. 25) – como ler um livro de trás para frente, e ao terminá-lo, outras formulações começam a florescer no intuito de saciar as dúvidas que não sanadas se concretizam novamente em mito contrapondo a ciência, ou seja, a Filosofia fazendo com que esta estabeleça um início conhecido como arqué. Já o cosmo do termo grego kosmos (κoσμοs), é tido como a beleza de forma organizada oposta ao caos do termo kaos – desordem – que para uma construção inteligível se faz necessário o emprego do logos (λoγοs) termo também de origem grega alicerce da razão em seu significado discursivo em contraste ao pensamento tendencioso do mito. A partir destas formulações o esboço para a ciência filosófica toma partido no que se denominou de Escola Jônica onde a atmosfera do conhecimento passa a ter uma função mais crítica e menos mitológica em busca da razão, verdade ou resposta ao que se procura entender acerca da humanidade.

    Vale ressaltar que a Escola Jônica parte do acreditar na força da natureza para explicar as transformações da humanidade e da biota. “Os diferentes povos da Antiguidade – assírios e babilônicos chineses e indianos, egípcios, persas e hebreus –, todos tiveram visões próprias da natureza e maneiras diversas de explicar os fenômenos e processos naturais” (MARCONDES, 2007, p. 19).

A Escola Jônica

    Tales de Mileto acreditava que a arqué seria a água (hydor) um dos componentes da natureza (physis) e fonte da existência humana nos diversos estados que a encontramos. Como citada anteriormente é dado o precursor da Filosofia por acreditar ser ela indispensável para a sobrevivência de todo o meio natural no primeiro momento, mas aberto a novas possibilidades nos questionamentos de seus contemporâneos posteriormente.

    Anaximandro após Tales diz ser a apeiron – infinito em movimento – a arqué encaixando ela em destaque na posição das manifestações naturais tais como a passagem do quente para frio etc. que podemos sentir, mas não pegar, daí ser indicado o começo da forma individual das manifestações abstratas e o esboço da matéria.

    Anaxímenes, pupilo de Anaximandro, atribui ao ar (pneuma) como marco inicial incognoscível por não ser palpável, mas que não deixa de ser real podendo assim ser evidentemente sentido.

    Xenófanes, consecutivamente atribui arqué a terra e faz a crítica ao pensamento grego que atribuía no seu seio o dogma politeísta, atrelando sua opinião a uma configuração monoteísta de uma força enraizada nas forças da natureza.

    Podemos compreender este período grego construído nos fundamentos filosóficos, não entrando a fundo nas manifestações históricas como, por exemplo, a invasões persas, que demandariam uma construção diferente no trabalho. Fica então demarcado a Filosofia em si e seus principais expoentes do período clássico grego, mas ressaltando não ser esta a única formulação intelectual na Filosofia mundial.

    Heráclito constrói sua teoria do fogo (pyr), que em sua ardência colocaria o espírito do homem nas cinzas de onde ele tinha vindo e para onde ele supostamente retornará. Este filósofo além de antissocial era também pessimista e isolado. Parmênides foi oposto a esta teoria, e acreditava no homem imutável e não mutável como Heráclito afirmava. O mobilismo se dá no fluxo gerado pela natureza humana e o conflito se faz para que o equilíbrio dos opostos possa estar em harmonia. É atribuído a este pensador a ideia do “Tudo passa” (MARCONDES, 2007, p.35).

Escolas Italianas

    Pitágoras de Samos surge com incerteza a respeito de sua existência, mas o fato é que aqui ele é personagem. Em Crotona, funda um ritual religioso denominado orfismo (metempsicose), colocando um ponto final nas possíveis transgressões espirituais cíclicas. O número é a realidade exposta de maneira que a soma de 1+2+3+4=10, sendo assim os números pares desta equação resultam segundo a geometria no retângulo e os ímpares os quadrados. A igualdade geométrica deste problema demonstra que “os ímpares são o princípio do Mesmo e os pares do Outro” (ABRÃO, 1999, p.29).

Com a música este filósofo se identifica ao alinhar em harmonia matemática como, por exemplo, as cordas de uma lira assim como a fisionomia corporal atlética e monumental que de certa forma se faziam rigorosas nas civilizações antigas. Os eleatas a seguir seguem uma metodologia monista em oposição à mobilista.

    Parmênides em seu tempo dizia que a realidade era totalmente diferente da aparência, sendo a primeira composta por elementos que levam a crer sobre determinada situação mesmo de forma negativa, mas de caráter real, já a última o indivíduo demonstra certa confiança, postura ou conduta acerca do que estiver no campo do diálogo, mas montado no cavalo da ilusão ou farsa. Na sua visão a humanidade é imutável, monista e ponto. O monismo é um sistema filosófico que atribui sentido a apenas uma forma de realidade. Em Spinoza, o monismo é, por exemplo, a natureza que se identifica com Deus.

    Melisso de Samos segue os ensinamentos de Parmênides e manifesta a defesa ao monismo característico nos filósofos deste período pré-socráticos, alegando o ser apenas ser de forma que não existe explicação para a formação deste ser ele apenas é ou não é, muito parecido com o pensamento encontrado na mitologia grega dos deuses engendrados sem explicação.

    Zenão de Eleia mantinha uma teoria no primeiro momento, onde uma determinada distância em seu trajeto seria numericamente infinita e divisível como segue:

 – Do ponto A para o B existe uma distância composta por um número infinito. Se existe o ponto A realmente e devemos alcançar na resolução de um problema o ponto B, deverá dividir o infinito para que possamos encurtar o espaço que distancia os dois pontos. Sendo o alvo o ponto B, supostamente este problema revelaria uma distância finita, portanto alcançável se o número que os distancia não fosse infinito, então concluímos que o cálculo divisório não nos levaria a lugar nenhum, apenas aumentaria a quantidade de espaço a ser dividido nesta equação.

– No segundo momento o movimento entre os pontos A e B com distância infinita assim como no exemplo anterior não seria possível mensurar o alvo B, uma vez que a metade do percurso a ser percorrido for alcançada, o infinito então será o restante para se chegar ao ponto B.

Segundo momento clássico (séc. V a.C)  “pensamento pré-socrático” (MARCONDES, 2007, p. 33).

    Empédocles de Agrigento, também conhecido como filósofo dos quatro elementos da natureza, muito admirado pela população foi poeta e dedicado à medicina além de boa condução na oratória. O amor e a Luta foram atribuídos no pensamento deste filósofo com vigor e vitalidade ao manter o contato com a esfera do mundo a qual estava toda uma sociedade inserida.

    Leucipo e Demócrito seu discípulo faziam parte da escola atomista fundada pelo primeiro teorizando o átomo – indivisível até as futuras gerações estudarem a invisível partícula – em parceria com o segundo conhecido por seu evidente senso de humor. O átomo segundo estes filósofos são a explicação da pluralidade das manifestações naturais e humanas, onde a união destes átomos gera a vida e a separação destas partículas a morte do ser vivente não do átomo.

    Anaxágoras de Clazômena (discípulo de Péricles em Atenas) assim como Empédocles é adepto ao modelo dos quatro elementos, mas vai mais adiante quando coloca o infinito distribuído em cada ramificação destes elementos resultando na variedade, ou seja, diferentes formas de vida. Substitui o Amor e a Luta pala consonância com as manifestações do Universo chamando esta força de “Espírito” (MANNION, 2008, p.24).

Sócrates

“(470 ou 469 a.C)” Sócrates. São Paulo; Abril Cultural. 1999. p.31. (Coleção os Pensadores)

    Um ateniense simples num período em que a Grécia vivia sua época áurea, conhecido como o Século de Péricles. Filho de um escultor e uma parteira, dotado de sabedoria e humildade, Sócrates observava na ágora (praça pública), os transeuntes, sendo eles ricos, pobres, aristocratas ou escravos, trazia ao cidadão da polis a reflexão, sem nada cobrar. Pois os que já tinham opinião sobre qualquer assunto, ao dialogar com o patrono da filosofia, percebia o quão ficavam confusos, pois o mestre sabia que o cidadão não conhecia a si mesmo, e convidava o cidadão a reconhecer na própria ignorância o começo de um saber, como na cidade de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”. Os cidadãos ao indagar Sócrates se ele sabia, também dizia que nada sabia, e os convidava a buscar o conhecimento, a filosofia é a procura, e não a posse da verdade (CHAUI, 2010, p. 7).

    Vale evidenciar que os sofistas vinham na contramão dos ensinamentos de Sócrates, os ensinamentos eram cobrados na polis. Os jovens com ambição política e poder, ficavam admirados com o poder de persuasão dos sofistas, em defender com exímia habilidade suas opiniões.

    O que tinha o dom da maiêutica, quando foi consultado no oráculo de Delfos, um santuário dedicado ao deus Apolo, patrono da sabedoria, a sibila perguntou-lhe: o que você sabe? Ele respondeu: “só sei que nada sei”. Ao oráculo, simplesmente coube reconhecer ao que não dava importância a bens materiais, o título de mais sábio (CHAUI, 2010, p.44).

    Na ‘democracia’ ateniense, Sócrates começou a incomodar os poderosos, pois o pensamento, a reflexão, o questionamento que trazia aos cidadãos e escravos, era uma arma letal contra os tiranos. O sábio filósofo, trazia a luz um lado obscuro da polis, fazendo a juventude pensar. Foi acusado de desrespeitar os deuses e corromper a mente dos jovens. Não se defendeu, bebeu a cicuta e, preferiu a morte que renunciar à filosofia. Sócrates não se defendeu, pois saberia que ao tentar empreitar sua defesa assumiria a culpa do que não tinha.  

    Sócrates era como um médico, uma luz em um mundo de trevas. Curava os enfermos de todos os males da ignorância e da penumbra, trazendo a luz os pensamento e à tona a reflexão. Como ponto de partida, “só sei que nada sei”, que podemos ir à busca de um conhecimento que nos faça aproximar do saber, acompanhando da simplicidade e da humildade. Foi médico das palavras, do conhecimento e da humildade (CHAUI, 2010, p.44). Pode-se afirmar que como última lição, este célebre filósofo não negou a Filosofia e se conformou em um gesto de humildade, ao saber que iria morrer, mas não iria jamais ser esquecido, a Filosofia vive, é a herança de grandes sábios da humanidade. Sócrates não deixou nada escrito, podemos encontrar seu pensamento na obra de alguns discípulos, o mais importante deles é Platão, que vamos conhecer a seguir.

Platão

“(428-427 a.C)” Platão. São Paulo; Abril Cultural. 1999. p.29. (Coleção os Pensadores)

    Conhecido não só por ser discípulo de Sócrates, este filósofo fundou ‘A Academia’, e seguiu não só os ensinamentos de seu antecessor mais também construiu sua própria teoria. Como exemplo podemos atribuir entre outras, a história da Caverna, onde Platão faz uma reflexão sobre a necessidade de mudança, quando o homem se acomoda no seu estado físico, imóvel, mantendo-se relutante em sair desta condição em busca de novas possibilidades. Um exemplo pode ser percebido como ‘não se pode mudar o que já é’, e ‘temos que aceitar’.

    É importante ressaltar que este filósofo identificava a Ideia ou Formas com letra maiúscula e entre estas Formas – algo que deve permanecer no estado em que se encontra – existiria o Bem – uma força maior incognoscível ao ser humano –, assim como para a Beleza exemplifica ser tudo disposto para serem contemplados. Acredita na reencarnação dos homens bons, e quando reencarnado, passa por uma espécie de esquecimento da sua antiga vida e o esforço empregado para retomar suas lembranças gera a Filosofia.

    Platão critica o senso comum alegando ser a Filosofia e sua superação de maneira que o indivíduo possa assim como ensinado por seu mestre, buscar caminhos que lhe direcionem para a verdade, eliminando por vez o senso comum, A razão se faz presente neste contexto.

    República foi em certo ponto a ideia platônica em que no comando do Estado seria emanado dos filósofos, mantendo o equilíbrio do proletariado sob a proteção das tropas militares. Subdividiu a sociedade desta República basicamente em três partes onde o proletário abastecia a todos em seguida as forças militares protegeriam os filósofos que seriam a elite deste modelo de sociedade. Nada democrática, além destas formulações era contra a poesia, “Platão queixava-se na República (606 E) por haver gregos que acreditavam que Homero << educara a Hélade... e que uma pessoa devia regular toda a sua vida, seguindo o poeta.>>“ (FINLEY, 1963, p. 23). Dizia a respeito da Arte que se tratava da reprodução da realidade, e não uma ciência significante como o pensar filosófico, importante de ser aprendido o quanto antes pelos jovens. Seriam retirados de suas casas e educados pelo Estado, além da partilha das esposas, quanto à propriedade privada caberia apenas “à classe dos filósofos e à classe guerreira”, e o trabalhador ficaria a sorte (MANNION, 2008, p.39).

Aristóteles

“(384 a.C)” Aristóteles. São Paulo; Abril Cultural. 1999. p.29. (Coleção os Pensadores)

    “Permanecerei portanto fiel ás suas lições, criticando-as, ali onde julgo ser útil, bastante livremente, como desejo que um dia meus alunos, por sua vez, me critiquem”. (BLOCH, 2001, p.41).

    Aristóteles foi educando de Platão e o trecho mencionado acima pelo historiador medievalista, faz alusão ao pensamento deste filósofo que embora sendo aluno de Platão teria em sua sabedoria uma teoria diferente e até divergente dos aspectos encontrados no seu mestre. Teria como marca singular a tarefa de educar o maior conquistador que a história da humanidade pôde conhecer o estimado Alexandre, o Grande. Após a saída do conquistador de Pela, Aristóteles retorna para Atenas e funda o Liceu onde educa os jovens com uma peculiar maneira de filosofar andando e ficou “conhecido como peripatéticos, que significa que aprendem caminhando” (MANNION, 2008, p. 39).

    Podemos compreender com este filósofo que diferentemente de Platão, Parmênides e Heráclito, Aristóteles deu significado denominado de potencialidade a formação das coisas em Deus ou Espírito, onipresente e pleno desconectado das vontades terrestres por estar em repouso com sua magnificência no esplendor de sua glória no infinito. Diferentemente do pensamento do ser reencarnado platônico, este afirma não haver ligação com a vida após a morte. A alma é parte do Espírito, e quando desconectado do material, ou físico, sobrevoaria em direção ao inexplicável. Quanto à felicidade este acredita ser possível que no decorrer de sua existência o homem consiga equilibrar a liberdade, conduta e ética onde repousará sua satisfatória felicidade. A lógica se faz presente neste filósofo, assim como o silogismo que leva o homem a procurar uma terceira opinião para confirmar as duas precedentes.

    Em função disso a amizade segundo ele é de extrema importância, enquanto na política demonstra um modelo ideal de sociedade com suas específicas distribuições de afazeres como no caso do escravo, “[...] Platão, por exemplo, mencionou cinco criados na sua posse, Aristóteles, mais de catorze [...]” era visto como propriedade de quem o adquiria e quanto ao empréstimo foi crítico indignado ” (FINLEY, 1963, p.62).

    Assim sendo, não passava na cabeça deste filósofo a possibilidade de democracia,       e em relação à cultura artística o Teatro por ele era interpretado como as manifestações do homem e sua plena tolice reproduzida nas peças que tinham efeito tranquilizador que descontraía. Outra forma de expressar a Arte criticada por Platão como vimos anteriormente no caso dos poemas homéricos, Aristóteles observa a Arte não só como uma mera reprodução da realidade por ociosos e sim por dado valor que contemplaria os anseios do artista. Os adeptos deste ramo colocariam nas obras, sua personalidade, as manifestações naturais que o cercavam em determinado momento e período, enfim, inúmeros são os motivos que poderemos encontrar para que se possa fazer Arte. Aliás, não existe Arte mal feita, e sim, mensagem mal interpretada.

Conclusão

    Iniciado no século VI a.C, na Grécia Antiga, contrapondo as correntes mitológicas que se faziam presentes de forma que, a atribuição dos deuses e divindades eram dispostas em toda a civilização ganhando cada vez mais força, durante todo o período que antecede a nossa era. Como se poderia imaginar surgir uma ciência com força ou coragem para bater de frente a esta vertente de pensamento revolucionária que amarrava o grego antigo aos deuses com um nó de Górdio. Assim como Alexandre a Filosofia o golpeia e adquire o respeito de alguns e o ódio de outros, deixando evidente que os adeptos desta ciência a fazem em um primeiro momento atribuída aos fenômenos da natureza, e consequentemente, absorvida tais teorias por alguns interessados e aperfeiçoadas por outros, novas teorias foram surgindo, tornando-se vivas na sociedade contemporânea.

    A Filosofia como forma de pensar, não pode ser confundida como literatura, uma vez que esta se faz no mundo fictício ou determinado de algures. Esta disciplina nos faz refletir sobre as novas possibilidades de vida, novas concepções da realidade, e de forma inteligente, controlar o nosso interior e organizar nossos pensamentos. Muitas pessoas criticam a Filosofia, mas por não a conhecerem. Sua essência e seus paradigmas, suas contribuições para com a humanidade, seus grandes expoentes e para que serve nos dia de hoje. Ora tais indagações da sociedade já são por si uma forma de filosofar, como no método empregado por Sócrates – o divisor do período como conhecemos de pré-socráticos, socrático e neo-socrático – que não fazia uma pergunta e sim emitia direções ao indivíduo o fazendo pensar na solução da resposta.

    Podemos compreender um exemplo na Filosofia brasileira ao cantor Raul Seixas, que usava e abusava de seus conhecimentos desta Ciência em suas músicas, visto por conservadores como um anticristo, por sua postura e marcante presença. Na realidade um pouco de esforço para a compreensão deste filósofo, com certeza concederia a este crítico uma nova percepção dos conflitos filosóficos atrelados as suas composições. O Guita de composição deste com Paulo Coelho faz a narrativa de Deus, que ao ser questionado por seu silêncio pelo homem, toma a frente do discurso e profere a resposta a todas as perguntas que este havia feito, nos fazendo refletir acerca da plenitude do diálogo do homem com o Criador.

    Do mito surge o questionamento, da crítica a Filosofia, desta uma ciência fincada nos alicerces da razão seja na metafísica, dialética ou lógica. A busca por sabedoria se faz infinita, e durante séculos que passaram, não conseguimos entender nada, exemplo disso é este trabalho que está sendo produzido com base nas pesquisas seculares destes pensadores singulares de deixaram um legado para a humanidade chamado “CONHECIMENTO”. Posto isso a Filosofia não consegue destruir o mito que existe não mais como dogma, mas como Cultura, de uma civilização histórica que merece o respeito e admiração por seus esforços nos dias que nos ocupam.

    As três grandes eras Épica, Trágica e Filosófica ou Sofística podem – ou não – servir nos dias de hoje como pontos de partida para o desenvolvimento de inúmeros gêneros de trabalho. Seja na arte, produção literária, científica ou simples deleite de um interessado a aprender adquirindo para si conhecimentos acerca das civilizações helênicas que até hoje, sob a tinta em um vaso, ou do teclado de um computador, é absorvida e admirada. A ciência contemporânea pode ver o mito como mentiras reformuladas passadas de geração a geração, mas também como objeto de estudo interessante para entendimento ou pesquisa sejam psicológica, geográfica, antropológica, sobretudo por uma, que exerce sobre as outras um maior contato e domínio, “A Majestade História” que não conhece o fim. A História não foi ela é, sendo assim, a Filosofia está em sua essência, inserida dos galhos desta árvore da sabedoria.

Referências Bibliográficas

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GRIMAL, Pierre – A Mitologia Grega (Orig. La Mythologie Grecque – 1ª edição 1982) – Pierre Grimal; 5ª ed. Editora Brasiliense – Coleção Primeiros Voos; trad. Nelson Coutinho.

ABRÃO, Bernadette Siqueira. HISTÓRIA DA FILOSOFIA – Org.: Bernadette Siqueira Abrão; São Paulo: Abril Cultural, 1999. (Coleção os Pensadores). Cap. 1, p. 9 a 36.

MANNION, James. O Livro Completo da Filosofia (Entendendo os Conceitos Básicos dos Grandes Pensadores de Sócrates a Sartre) – São Paulo: Madras 2008. Cap. 1, p. 20 a 27.

MARCONDES, Danilo, 1953. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein / Danilo Marcondes. 2. ed. ver. ampl. – Rio de Janeiro: Zahar, 2007. 14ª reimpressão – 2013. Cap. 1 a 5, p. 19 a 83.

FINLEY, Moses I. Finley 1963. Os Gregos Antigos. Trad. Artur Morão – Edições 70, Lisboa – Portugal – Coleção Lugar da História. (Revisado por Dr. José Ribeiro Ferreira – Instituto de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras de Coimbra). P. 23.

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