Ideias e ideais na década de 1920 e 1930: política e desenvolvimento social europeu

Ideias e ideais na década de 1920 e 1930: política e desenvolvimento social europeu

 

COSTA, Thiago Augusto Pestana

 

Introdução

 

            Este trabalho consiste na interpretação textual indicada durante os estudos acadêmicos que abordam elementos relacionados às ideologias que deram contribuição para manchar de certa forma a História com atrocidade e desdenho. O período remonta as décadas de 1920-1930 onde as relações econômicas e políticas tomam forma a partir destas ideologias formadas pelo espírito tirânico e belicoso.

Torna-se necessário para iniciar esta discussão citarmos elementos econômicos que puderam contribuir para este ou aquele modelo – nazista e fascista – de governo sob a égide centralizadora de um tirano que querendo manter sua hegemonia articulou todas as estratégias para a consolidação de um partido único. Segundo CAMPOS (1999), a industrialização da Alemanha não possibilitava a inserção desta no regime fascista, porém, países em transição para a industrialização como a Espanha e a Itália sim. O modelo econômico capitalista mantinha com o fascismo em contato cada vez mais envolvente, porém, suas características tais como modelo econômico não era tão sólida e o risco de se inclinar para uma revolução socialista era iminente. “O fascismo era, e continuava sendo, reação burguesa e ditadura do grande capital” (CAMPOS, 1999, p. 246). O chamado “ídolo das origens” por Marc Bloch é descrito como a ênfase dada tão somente ao passado em observar as transformações do presente, e nesse sentido, uma historiografia de esquerda italiana parte da ideia de que não é possível observar o fascismo intrínseco ao capitalismo como uma fórmula determinante para sua consolidação (BLOCH, 2001, p.56).

No campo das ideias fica nítida a imagem do ditador que a partir da ideologia converte no pensamento da população um modelo ideal de civilização de onde o Duce tem todo respaldo alicerçado na retórica diante da massa. Tal qual encontramos na literatura a manipulação da mente na obra de George Orwell 1984. Vale ressaltar que segundo Campos (1999), há diferenças entre fascismo que é um regime de extremo totalitarismo, nazismo no mesmo patamar, porém em grau mais contido – não em relação aos grandes extermínios que sem dúvida colocaram de fato a morte como objeto de estudo de muitos estudiosos de História Contemporânea – e por fim os soviéticos não se definiam como totalitários. Este era com certeza o ponto de vista dos envolvidos, e não significa que o historiador tenha que concordar, pelo contrário, deve perceber nos discursos de época as estratégias que fomentavam seus anseios pessoais e abarcava o coletivo das populações que passavam por esta política.

No tocante ao conceito de welfare state, devemos ter cautela ao empregar esta palavra em diferentes espaços geográficos que compartilham deste sistema ou não. Na verdade, quando encontramos o capitalismo na sua essência excludente e avassaladora da acumulação e investimento do capital, dificilmente encontramos possibilidades iguais de obtermos um bem estar social efetivo. No Brasil Colônia, a empresa açucareira foi capitalista na Europa. Toda a tentativa revolucionária no Brasil foi antecipada e sobrepujada seja no período colonial, imperial, regencial ou republicano. Na Alemanha de Bismarck o desenvolvimento de políticas de proteção social foi tomando forma e se consolidando a favor dos trabalhadores que com sua mão de obra qualificada e empresas nacionalistas giravam a engrenagem da Alemanha com o liberalismo econômico. Por detrás desta dinâmica estava à ideologia alemã fundamentada conforme GOMES (2006) na centralização das forças econômicas sob a teia militar-industrial.

Em relação ao que foi recortado, a organização da chamada economia-mundo de Wallerstein foi bem descrita em ARIENTE (2007) para que tenhamos uma noção macroeconômica das relações de mercado das civilizações. Mesmo que em GOMES (2006) percebamos a cronologia dos modelos onde primeiramente obtemos o laissez-faire, em seguida o modelo social democrata e por fim, o compromisso estatal. Estes modelos estão embasados para melhor serem inseridos ao engendrar o welfare state. Todas as estratégias sejam de melhorias de condições de trabalho e as reivindicações das classes trabalhadoras, assim como, as reações dos capitalistas em relação ao proletariado e seus respectivos lucros começam no "chão de fábrica".

 

Referência Bibliográfica

 

BLOCH, Marc Leopold Benjamin, 1886-1944. Apologia da história, ou, O ofício do historiador. Marc Bloch; prefácio, Jacques Le Goff; apresentação e edição brasileira, Lilia Moritiz Schwarcz; tradução, André Telles. – Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

 

ORWELL, George, 1903-1950. - 1984 / George Orwell; tradução; de Wilson Velloso. – 17. ed. – São Paulo: Ed. Nacional, 1984. (Biblioteca do espírito moderno; série 4.: Literatura; v.24).

 

Referências Virtuais

 

ARIENTE, W. L.; FILOMENO, F. A. Economia política do moderno sistema mundial - as contribuições de Wallerstein, Braudel e Arrighi. Ensaios FEE, Porto Alegre, v. 28, n. 1, jul. 2007, p. 99-126. Disponível em:

<https://www.gpepsm.ufsc.br/html/arquivos/ARIENTE_2007.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2015.

 

CAMPOS, Ismael Saz. Repensar o fascismo. Disponível em:  <https://docs.google.com/open?id=0B615vhmWOCFN2MwZjViZjktZDA1ZC00MTkyLWI1NDItMDM2NTU4NmQxNWRh> . Acesso em: 15 set. 2015.

 

GOMES, Fábio Guedes. Conflito social e welfare state: Estado e desenvolvimento social no Brasil. RAP, 2006. Disponível em:

<https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=explorer&chrome=true&srcid=0B5CRU4AC4h5kYzBjMDYyNTAtNWM0NC00NTExLTk2N2EtYTM2NTU0MDU3NzFk&hl=en>. Acesso em: 15 set. 2015.