O nascimento da Sociologia no mundo

O nascimento da Sociologia no mundo

O nascimento da Sociologia no mundo

Prof. Thiago

COSTA, Thiago Augusto Pestana

Introdução

    O que é a Sociologia?Quem veio primeiro o homem ou a sociedade? Realmente caberiam muitas indagações mediante aos diferentes pontos de vista de cada indivíduo. Este trabalho adentra como classificou Foucault no seu discurso inaugural no College de France dizendo que “ao invés de tomar a palavra, gostaria de ser envolvido por ela e levado bem além de todo o começo possível”, e a partir daí, obtermos respostas conscientes a tais indagações (FOUCAULT, 2010, p. 5).

            A Sociologia é uma ciência muito recente, e embora ela tenha aparecido com Augusto Comte – fundador do positivismo e pai desta ciência – no segundo quartel do século XIX com o nome de “física social”, outros estudiosos aperfeiçoaram e inovaram na Sociologia. A questão aqui não é evidenciar minuciosamente estes estudiosos, mas sim, citar as principais contribuições que levaram a construir esta nova ciência (DIAS, 2010, p.18).

    Observando a sociedade de uma maneira mais ampla, conseguimos perceber que esta precede os indivíduos que estão nela inseridos, ou seja, quando o homem nasce, já existe uma sociedade organizada e estabelecida, geograficamente, historicamente e fisicamente. Sendo assim, a Sociologia vai estudar a relação e organização desses indivíduos nas mais diferentes interações que possam decorrer, sobretudo na desigualdade onde existem privilegiados de um lado e desfavorecidos de outro. Este contexto ficou muito conhecido com Karl Marx no que ele chamou de classe social, afirmando ter de um lado a burguesia (elite) fomentada pelo avassalador capitalismo e de outro o proletariado (trabalhador) oprimido e explorado.

    Diferentemente deste pensamento Max Weber classifica a posição da escala social mediante ao o que o indivíduo tem em sua posse em relação a seu posicionamento no modo de produção, ou seja, a posição social está relacionada ao status atribuído ou adquirido, muito embora caiba a sociedade segundo Weber, julgar e validar efetivamente a posição deste indivíduo. O que ele determinou de estamento corresponde à observação na postura de determinados grupos em relação a outros. Por exemplo, com uma situação financeira opulenta estável é possível encaminhar seus filhos para as melhores opções aprendizagem, assim como suprir não só suas necessidades básicas como também, gozar de alguns privilégios sociais, evidenciando então a existência de classes totalmente opostas, porém nem sempre definidas no decorrer de suas vidas. Dependendo da maneira que este indivíduo vai administrar seus recursos durante a vida, mediante a uma decisão coerente que ele julga ser a ideal ou correta, este posicionamento individual exigirá um esforço e equilíbrio para manter sua posição social, sem que exista influência externa.

                                             

            Não obstante de Weber, o sociólogo Émile Durkheim, – adepto as teorias de Comte, é visto por uma grande parcela de estudiosos como fundador da Sociologia como independente de suas ramificações sociais – vai dizer que a sociedade influência os grupos ou indivíduos, sobretudo pela forma com que a sociedade formula suas regras de ação e coerção que são absorvidas coletivamente. Contudo é clara a ideia de que estas regras ou leis são formuladas também por grupos de pessoas de uma sociedade que não estão isentas destas normas cabe à família se apropriar e transmitir aos seus estas regras. Segundo Durkheim, “quando a família não está em estado de cumprir os seus deveres, é natural que o Estado apareça” (DURKHEIM, 1978, p. 47).

            Outro elemento que vem sendo constantemente estudado pela Sociologia é a Cultura. Existente em tudo o que se pode denominar sociedade, a cultura pode estar relacionada aos costumes familiares, vindos de heranças hereditárias em um determinado grupo dentro de uma sociedade com diversos campos de culturas totalmente diferentes em comparação as outras. Muitas pessoas podem sofrer influência constante das diversas culturas que permeiam seu campo de habitação e a inserção ou negligência parte da decisão individual de participar ou não desta formação coletiva. Cultura é a raiz dominante que não nega suas origens independente de onde ela possa surgir, aí então, vira objeto de estudo dos sociólogos que vão observar suas manifestações de fora, ou seja, sem contaminar a cena que pretende analisar uma vez “que é possível individualizar, socializando” (DURKHEIM, 1978, p. 14).

            Vale ressaltar que a Sociologia vai analisar a o comportamento do homem em relação à sociedade a qual ele está inserido, sendo assim, a reciprocidade no convívio se faz necessária e o sociólogo Norbert Elias defende uma teoria onde julga não ser possível separar o indivíduo de qualquer que seja a sociedade. Um exemplo pode ser observado no jogo de xadrez. Existem duas pessoas interagindo e seguindo regras estabelecidas por este jogo, que os levam a articular movimentos inteligentes, objetivando a vitória de quem melhor se destacar no posicionamento de suas peças, assim como a sociedade posiciona os indivíduos em um determinado espaço (público ou privado) a qual ambos pertencem indiferentes de seu status social. Sem a dupla não seria possível jogar o xadrez, e mesmo que você consiga jogar sozinho, você estará o fazendo dentro de uma sociedade. Para Elias o conceito de habitus está relacionado às mutações dos indivíduos que estão em constante, porém paulatino processo de desenvolvimento e compreensão social, já na ótica do francês Pierre Bourdieu, o habitus está no primeiro contato, ou seja, a criança no âmbito do lar e consequentemente e essencialmente na sua formação escolar. O campo físico da escola vai mediante a uma interação social da criança com os demais, repercutir devido as suas experiências no futuro, salvaguarda de que na sua evolução o indivíduo pode se posicionar diferentemente da postura que tinha em determinado momento de sua infância, sobretudo devido à posição que agora ele possa estar em relação ao que estava anteriormente. Contudo, relações de desigualdade social podem ser observadas nas obras do sociólogo brasileiro Florestan Fernandes e de Gilberto Freyre que entre outras obras publicou o livro Casa Grande & Senzala, discutindo a relação social no Brasil no período de colonização a partir de um processo que ele chamou de "misigenação".

    Embora o nome Sociologia pareça comum, é necessário perceber a diferença em relação à Ação Social, que consiste no conjunto de grupos que aderem a específicas causas ou eventos sociais, encontrados em ONGs, igrejas ou qualquer outra formação sem fins lucrativos. Os grupos sociais e o comportamento humano, estes sim são exemplos do que a Sociologia vai observar em seu estudo. O meio ambiente também faz parte deste contexto de estudo. Ao contrário das ONGs que buscam preservar e manter a biota, a Sociologia vai especificar todas as influências que este meio possa sofrer devido à interferência humana, seja na preservação, manutenção ou até mesmo na destruição do meio ambiente. É visível, portanto que o sociólogo possa efetuar seu estudo acompanhado tais adaptações ambientais empiricamente ou se utilizando de fontes de pesquisa de outros órgãos que fiscalizam estas ações como desmatamento na Amazônia, a poluição dos rios pelas indústrias, e o avanço das áreas urbanas e suas tecnologias na zona rural etc.

            Se o tudo está inserido em um todo, e o todo é parte de tudo, concluamos então que a Sociologia não vai se aproximar do todo, ela vai fazer um recorte específico na raiz deste todo engendrando um estudo científico não de como o homem “bebe, dorme, come, raciocina”, porque isso não condiz com sua essência, mas “a sociedade tem todo interesse em que estas funções se exerçam de forma regular”, soando com um tom mais agradável aos ouvidos políticos do que sociais e” se todos esses fatos fossem sociais, a sociologia não teria objeto próprio e seu domínio se confundiria com o da biologia e da psicologia”, no entanto é necessária cautela e prudência ao tomar parte de um estudo relacionado às Ciências Sociais (DURKHEIM,1977, p.1).

    Tais afirmações vêm de encontro ao que queremos concluir que a Sociologia é de real importância para o estudo de grupos econômicos, culturais, religiosos, geográficos, e políticos pelo simples motivo de preceder a todas elas. Cabe a cada profissional criticar ou defender seu ponto de vista. Porém o status de seu mérito é o adquirido, diferente da História que vem de um status atribuído, ou seja, a Sociologia conquistou seu espaço, se fez ciência e faz História a partir do momento que ela surge, passando a compor uma metodologia nova, porém própria regredindo aos primórdios para contrastar a evolução, estagnação e transformação da sociedade como um todo. A História vai ao passado com os pés no presente, entende o que foi, aprende como é, concluindo que a Sociologia contribui para o entendimento dessas evoluções e transformações. Tais especificidades, são absorvidas pela História que possui um método interdisciplinar dialogando constantemente com as demais ciências enquanto a Sociologia se direciona a um específico evento que só por existir, já faz parte da História.

 

Referências Bibliográficas

DIAS, Reinaldo - Fundamentos de sociologia geral/ Reinaldo Dias. Campinas, SP: Editora Alínea, 2010. Edição Especial.

Durkheim, Emile, 1858-1917 - As regras do método sociológico; tradução Maria Isaura Pereira Queiroz. 8.ª ed. São Paulo, Companhia Editora Nacional [1977].

DURKHEIM, Emile, 1858-1917. - Educação e sociologia / Emile Durkheim; com um estudo da obra de Durkheim pelo Prof. Paul Fouconnet; tradução Prof. Lourenço Filho. – 11ª ed. - São Paulo: melhoramentos [Rio de Janeiro]: fundação Nacional de Material Escolar, 1978.

FOUCAULT, Michel, 1926-1984. - A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970/ Michel Foucault; tradução Laura Fraga de Almeida Sampaio, – 22. ed. – São Paulo: Edições Loyola, 2012 – (leituras filosóficas) Título original:: L`orde Du discours: leçon inaugurale ao Collège de France.

TOMAZI, Nelson Dacio. - Sociologia para o ensino médio / Nelson Dacio Tomazi. – 2ª ed. São Paulo: Saraiva 2010.