Sociedade Mineira do Século XVIII: Organização Econômica e Social

Sociedade Mineira do Século XVIII:  Organização Econômica e Social

COSTA, Thiago Augusto Pestana

 

 

Introdução

 

            O presente trabalho parte do recorte historiográfico pautado na mineração do século XVIII e suas respectivas economias e interações sociais durante o período colonial. Utilizando as referências propostas pela atividade e as demais apresentadas no decorrer dos estudos, pudemos chegar a uma conclusão elucidativa sobre este tema como veremos adiante.

            O processo de interiorização da colônia resultou no descobrimento, digamos assim, das denominadas Minas Gerais. Este nome bastante sugestivo foi devido à grande concentração de ouro na região sudeste da América portuguesa onde ficaram estabelecidas as minas de onde era extraído o ouro que fomentava os anseios dos mineiros, sobretudo da Coroa portuguesa. A mineração exigiu cautela e atenção diferentemente da agricultura monocultora extrativista devido à sua preciosidade em um minério tão pequeno, porém muito valioso e de fácil usurpação e comércio.

            Evidentemente a estrutura da sociedade mineira assim como as demais da colônia foi efetuada pelo trabalho escravo, e além dos mineradores que exerciam domínio sobre eles, havia o clero que mantinha contato com os escravizados para que pudessem ascender aos dogmas da igreja católica. Vemos o fruto deste contato entre o cristianismo da Igreja Católica misturado ao Candomblé africano, gerando a Umbanda no Brasil.

            Posto estes primeiros aspectos, a visita dos eclesiásticos nas minas se faziam muito frequentes, e observações em relação ao exuberante gasto com os rituais fúnebres não agradavam as expectativas clericais, contudo, a única forma de arrecadar cabedais para a igreja, seria fazer a vontade dos fiéis atrelados a uma mistura cultural e religiosa no tratamento com a morte de seus entes. Os procedimentos realizados nos rituais fúnebres africanos são totalmente diferentes dos tradicionais conhecidos na cultura cristã onde o indivíduo é velado e enterrado em seguida regado de muitas lamentações e tristezas. Os africanos celebram a morte do ente com festa. É uma forma típica de prestigiar a passagem da vida para a morte.

            Em função disso na região de Ouro Preto, após a visita Da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, ficaram restringidos os vultosos gastos em rituais fúnebres, pois acreditavam se tratar de uma festividade voltada aos vivos, porém, não assimilaram a cultura dos negos escravizados ou forros. Esses gastos acarretavam problemas à administração clerical, sobretudo quando não eram apresentados os recibos dos gastos realizados pelo pároco. Em 1742, o visitante Frei João da Cruz, alegou que os irmãos não estavam felizes com as celebrações que estavam sendo realizadas, pois fugia se do verdadeiro propósito que era celebrar a alma e tornando uma festa carnal. Frei colocou em pauta para a exclusão de tudo que estava sendo gasto, para retirar música entre outras coisas, fazendo apenas a missa cantada na festa de nossa Senhora do Rosário e outra á São Benedito, tornando á celebração algo simples, mas que focasse no intuito fúnebre em questão.

            Poder-se-ia dizer que a igreja mantinha seus mecanismos de dominação, assim como todos que permeiam o campo das elites no período colonial, só se curvando para o absolutismo monárquico. Evidentemente o maior interesse dos que aqui se estabeleciam era nos minérios, mas conforme Caio Prado Jr. mesmo anunciou, o ouro foi algo fugaz e escasso e quando achado, eram estipuladas as taxas, ou mais propriamente dizendo o quinto real.

            Avaliando este recorte da população mineira do século XVIII sem adentrar muito no cerne da questão, a partir do artigo proposto para este trabalho, é possível perceber que a população era demasiadamente composta por 52% de homens livres para 48% de escravizados, ou seja, um número de proporções bastante equilibrado no corpo da sociedade. Porém há de se ressaltar que estes apontamentos são levantados a partir de hipóteses. Mas se temos um montante populacional tanto de mineradores quanto cativos, o que eles comiam e o que vestiam?

            Responderemos estas perguntas mergulhando novamente em Caio Prado onde o autor relata a escassez dos minérios e a volta na agricultura, estas em sua raiz de subsistência nas proximidades dos rios davam o que precisavam para a alimentação desta atividade diferenciada em relação à monocultora de exportação. Posto isso, as vestimentas seguiriam padrões sociais como veremos adiante.

            Podemos compreender que os nomes dado às vestimentas neste período seguem influências externas, ou seja, são atribuídos os nomes mediante a forma linguística de quem estava aqui inserido. Em Minas o colorido em maiores proporções estampou a vestimenta da elite não ficando muito distante do preto e branco. Entre as peças encontramos toucas, vestidos, camisas e as cores estão relacionadas ao nome de animais, parasitas, frutas ou leguminosos pela semelhança. Vimos por exemplo o poema de Oliveira que descreve também a forma de exclusão social relacionada ao racismo onde se joga fora a parte externa (lixo) a casca do Cará e se aproveita a parte interna (a mais importante). As roupas de cores claras como o branco, por exemplo, são usados como roupas íntimas e na cama simbolizando a higiene e a alvura de pessoas decentes e puras, na perspectiva eurocentrista.

            Claramente percebemos entre o algodão, a lã e a seda, cores diferentes e também como citamos acima, bastante relacionadas à natureza, porém algumas interpretações como no caso do vermelho a quem atribuem o ferrete a este nome por simbolizar a alta temperatura do instrumento de marcar gado e de coerção de um escravizado. Pode-ser-ia perceber que para os escravizados, as cores não se faziam tão presentes na vestimenta e adornos era uma impossibilidade anunciada. Vimos em outros períodos às negras forras com seus vestidos coloridos e suas joias expostas não em forma de ostentação, mas para anunciar sua liberdade.

 

Referências Bibliográficas

 

PRADO, Caio Jr. 1907-1990. Formação do Brasil Contemporâneo: Colônia / Caio Prado Júnior. – São Paulo: Brasiliense; Publifolha, 2000. – (Grandes nomes do pensamento brasileiro).

 

Referências Bibliográficas Digitais

 

BOTELHO, Tarcísio Rodrigues. População e escravidão nas Minas Gerais, c. 1720.

Disponível em: <https://docs.google.com/open?id=0BwxDlfPX84xQa1Q1Yy1rUTBjckk>. Acesso em: 13/05/2014.

 

EUGÊNIO, Alisson. Tensões entre Visitadores Eclesiásticos e as Irmandades Negras no século XVIII Mineiro.

Disponível em: <https://docs.google.com/open?id=0BwxDlfPX84xQREVnN1dpRDlHQ2s>. Acessoem: 23/05/2014.

 

OLIVEIRA, Gracinéia Imaculada. As cores do vestuário e a sociedade mineira setecentista. Disponível em: <https://docs.google.com/open?id=0BwxDlfPX84xQTUViZndocDFDUjA>. Acesso em: 23/05/2014.